EM BAIXO E EM CIMA
SINOPSE
Barrabás sempre foi vagabundo, nunca quis ser outra coisa, apenas isso, isso e olhar as estrelas.
Rostabal, esse, calcula os pormenores, as impossibilidades infimas.
São duas figuras em situação, dois homens e uma mala, uma sucessão de tentativas falhadas, a alteridade da sua existência, a impossibilidade de sair. Os dois jogam o jogo eterno das palavras, o jogo do reconhecimento, no intuito de sobreviver, no intuito de existir.
A PROPÓSITO DE BECKETT
A um determinado nível este drama de inspiração beckettiana pode ser visto como o prolongamento de uma linha de rejeição da falácia da arte realista.
A reforçar esta rejeição reside o facto de que as figuras neste espectáculo são alusivas da condição de vagabundo, de uma quinta essência cómica da imagem de Charlie Chaplin.
Estas figuras do absurdo, puramente ficcionais, contrariam as personagens do dia a dia que se encontram normalmente no drama mais naturalista e relembram uma semelhança risível à imagem do homem.
Em Baixo e Em Cima, alternadamente e simultaneamente, estas figuras interpretam pequenos episódios dentro da peça, elaborados apenas sob um tema de passagem no texto ou no humor instalado, em vez de uma acção linear baseada na causa do texto dramático e respectivo efeito.
Como a linguagem, na perspectiva do absurdo, é considerada uma ferramenta cénica das mais racionais é subordinada então a efeitos não verbais e a uma inadequação constante.
Consegue-se assim chegar a uma estrutura paralela ao caos que é o seu objectivo dramático. A sensação de absurdo é conseguida e ampliada pela justaposição de factos e acontecimentos incongruentes que estimulam no público sensações irónicas e sério-cómicas.
1 Beckett, PROUST, New York, 1970
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Interpretação: André Nunes, Sérgio Moura Afonso e Ruy Malheiro
Som: Nuno Lacerda
Luz: Jorge Gomes Ribeiro
Texto e Encenação: Jorge Gomes Ribeiro
Produção: Ruy Malheiro
Assintência de Produção: Joana Rodrigues
DURAÇÃO: 1h
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: M/12