CLOUN CREOLUS DEI de Teatro Meridional
SOBRE O ESPECTÁCULO (Texto inserido no programa do Festival Mindelact 1999)
A versão original deste trabalho tem por título “Cloun Dei” (adaptação livre para latim da expressão “Palhaços de Deus”), espectáculo concebido e estreado em 1993 pelo Teatro Meridional.
Em Maio de 1994 o Teatro Meridional representou “Cloun Dei” no Festival Internacional de Marionetas do Porto e entre os espectadores estava um jovem que nos veio cumprimentar no final com um brilho especial no olhar.
Esse jovem chama-se João Branco e desde essa altura que me desafia a vir a Cabo Verde montar uma versão crioula de “Cloun Dei” com actores cabo-verdianos.
Depois de um gratificante workshop sobre a técnica do clown (palhaço teatral) escolhi os quatro actores com quem tive o enorme privilégio de trabalhar durante aproximadamente 40 dias.
O resultado é "Cloun Creolus Dei" (“Palhaços Crioulos de Deus”), um espectáculo - coreografia teatral - baseado na ironia, humor e ternura próprios da personagem do clown, contra a idéia de pecado tal como nos é imposta na cultura ocidental.
É um afrontamento a toda a série de - intermináveis e incompreensíveis - proibições com que as sociedades se encarregam de "socializar" os seus indivíduos.
Partindo da essência da personagem do clown, este espectáculo propõe uma reflexão sobre concepções tão universais como a autoridade, a religião e o absurdo.
Cloun Creolus Dei mantém as mesmas marcações originais e a mesma sequência de cenas. Quiçá possamos dizer que Cloun Creolus Dei tem um Espírito Meridional e uma Alma cabo-verdiana. Sendo o Espírito aquilo que em nós sabe e a Alma aquilo que em nós sente.
Miguel Seabra – Setembro 99
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Concepção do Espectáculo e Desenho de Luzes Teatro Meridional | Direcção Cénica Miguel Seabra | Assistência de Direcção Cénica João Branco | Actores António Coelho*, Edson Fortes, José Évora, Paulo Miranda e Carla Sequeira | Figurinos João Branco e Miguel Seabra | Assistência de ensaios Carla Sequeira | Construção das peças cenográficas Fernando Morais | CoproduçãoTeatro Meridional / Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo