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A VARANDA DE FRANGIPANI de Mia Couto

 

SINOPSE

Poucas vezes, para não dizer nenhuma, sabemos como queremos que seja o resultado final de um espectáculo no dia em que começamos os ensaios. Mas sempre, ou quase sempre, sabemos como não queremos que seja. Esses desejos negativos por vezes são os mais apropriados para a construção teatral, ao não forçar os actores a encarnar personagens preconcebidas e permitir que personagens de carne e osso – aquelas que cada actor cria e são exclusivamente dele – ganhem pouco a pouco a força e o direito de existir. Neste caso sabíamos de antemão que este espectáculo não podia ser uma recriação do universo real, vital, oral, racial de que Mia Couto partiu para inventar o seu universo literário. Não podemos nem queremos percorrer o mesmo caminho do autor. Porque não somos moçambicanos e porque não estamos interessados na arqueologia teatral. O espectáculo em que nós acreditamos é algo vivo, que nasce dos actores que o interpretam, capazes de comunicar com o público porque o espectáculo lhes pertence. Mas esse conceito não é só teatral: já está também implícito no romance A Varanda do Frangipani. Se o texto nos fascina é também porque supera as suas especificidades nacionais falando de coisas tão universais como a amizade, o amor, o poder, a capacidade do sonho e a humanidade que são capazes de ultrapassar as diferenças raciais, geracionais ou de qualquer outro tipo entre os seres humanos. Esta solidariedade essencial – para além de todo o género de diferenças, da ignorância ou do ódio – é um valor universal. Como também o é a capacidade de poetizar o terrível e de sonhar com a esperança no meio do pior dos mundos. De tudo isto procuramos falar neste espectáculo. À nossa maneira, procurando um universo impossível, inventado, tirado das imagens que nos sugere o texto e das nossas vivências pessoais. É um espectáculo europeu, não africano. Mas acima de tudo queremos que seja um espectáculo humano, vivo e imaginativo, despido e rigoroso, porque são essas as características que nos chamaram a atenção no texto de Mia Couto. E para além das escolhas formais realizadas intencionalmente – como seja o virar a cor dos actores fazendo um negativo da realidade moçambicana (que maior desafio para um actor branco fazer de preto e vice-versa?), ou a síntese cenográfica, ou ainda o universo ondulantemente sonoro – é sempre através do jogo dos actores, da desconstrução dos códigos, da procura da ternura e da magia por intermédio do Humor e da leveza, que a nossa história será contada.

 

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Autor Mia Couto | Adaptação e Dramaturgia Julio Salvatierra Encenação Miguel Seabra e Alvaro Lavín Concepção do Espectáculo e Desenho de Luzes Teatro Meridional Actores Ângelo Torres, Filipe Duarte, João Ricardo, Marta Furtado, Natália Luíza e Paulo B Música Original Alexandre Delgado (Intérprete Violoncelo) e Irene Lima Figurinos Marta Carreiras Apoio Cenográfico Patrícia Portela Direcção Técnica Julio Salvatierra e José Rui Silva Assistente de Encenação Conceição Costa Cabral Realização de Figurinos Isabel Magro Técnico de Luz e Som José Rui Silva Fotografia e Vídeo Henrique Delgado e Pedro Sena Nunes Realização Gráfica João Nuno Represas Produção Executiva Mónica Almeida Assistência de Produção André Pato Consultadoria Jurídica Diogo Salema da Costa Co Produção Teatro Meridional e Teatro Nacional S. João para o PoNTI 99 Agradecimentos Mia Couto, José Sucena, José Pedro Caiado, Miguel Abreu, Maria Regina Pato, Patrícia Vasconcelos e Teatro O Bando

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